Sem fim à vista para os “Sistemas de Radiodifusão”

Por DARKO RATKAJ – Published by the EBU

tv-everywhere5-oTecnologias de transmissão foram desenvolvidas e redes lançadas com um objetivo em mente: permitir a entrega eficiente de serviços de rádio e TV para o público. As especificações do estado da arte de transmissão incluem a modulação mais avançada e técnicas de codificação capazes de realizar os futuros serviços, como UHDTV e 3DTV. Os modelos de negócios são bem conhecidos e relativamente estáveis. Os custos de distribuição são previsíveis e sustentáveis. A regulamentação está no local para garantir a proeminência dos meios de comunicação de serviço público de mídia. A radiodifusão é principalmente um serviço nacional, onde os parceiros e concorrentes são muito bem conhecidos. Os telespectadores e ouvintes desfrutam de uma oferta de serviços em crescimento a um custo mínimo e máximo em qualidade. Tudo parece bem. Ou, não é? Talvez se não fosse pelo fato de que os usuários esperam mais. Eles se acostumaram com a conveniência de serviços “on-demand”, eles esperam uma escolha cada vez maior de conteúdo instantaneamente disponível, e eles adoram assistir a seus programas favoritos em computadores, e às vezes até mesmo em telefones celulares. Tudo isso está além das capacidades atuais de redes de transmissão, que levam a programação sincronizada e não podem nem entregar serviços “on-demand”, nem alcançar os dispositivos populares pessoais, como Smartphones, PCs e Tablets. Mas a internet pode. É por isso que a internet surgiu como uma maneira nova e poderosa de distribuição de serviços públicos de mídia. Esses serviços das organizações foram rápidos em reconhecer a sua importância e terem colocado o seu conteúdo e serviços on-line. De fato, em muitos países, o mais popular local de conteúdo “online” de origem vem das emissoras nacionais. Se a internet traz tantas vantagens pode-se perguntar por que ainda usam as redes de transmissão. Não seria melhor concentrar os nossos esforços na distribuição de internet em vez da radiodifusão? Eu sugiro que a resposta a esta pergunta é não. A internet é um ambiente muito mais complexo e dinâmico do que a radiodifusão tradicional e nem sempre é amigável com os serviços públicos de mídia.

A questão da qualidade

Considere a qualidade, por exemplo. Tecnicamente, a internet é uma gigantesca rede de computadores. Na origem arquivos de dados são "cortados" em pacotes de dados padronizados e cada pacote é transportado individualmente através da rede. O arquivo original é reagrupado no computador de destino. Isso permite que qualquer tipo de conteúdo ou serviço seja transmitido sobre o mesmo, que é o propósito geral da rede. A desvantagem é que semelhante arquitetura agnóstica de serviço, não pode ser facilmente otimizada para a entrega de serviços de mídia. O encaminhamento de pacotes é automatizado, ninguém tem controlo sobre a totalidade da cadeia de entrega e é muito difícil de assegurar uma “qualidade constante de serviço (QoS)” comparável à de redes de radiodifusão dedicados. É por isso que na internet só se pode falar de "melhor esforço" e não de QoS garantido. Além disso, a capacidade da rede é geralmente compartilhada entre usuários simultâneos. À medida que o número de usuarios aumenta cada um deles tem acesso a uma menor largura de banda. Além de certo ponto isso leva ao congestionamento da rede e deterioração da qualidade de serviço. Nenhuma dessas restrições existem em redes de transmissão.

Contagem do custo

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Vamos olhar agora para os custos de distribuição. Em redes de radiodifusão, os custos são largamente determinado pelo tamanho da área de cobertura e as exigências de qualidade, mas é independente do tamanho da audiência. O oposto é verdadeiro na internet, onde os custos de distribuição são geralmente proporcionais ao número de usuários. Isso significa que os custos de distribuição globais são difíceis de prever e qualquer parte de sucesso do conteúdo podem causar nos custos uma expansão. A internet é dominada por operadores de rede, integradores de conteúdo, provedores de busca e, cada vez mais, fabricantes de equipamentos de consumo. Todos eles buscam o seu próprio consumidor e não há praticamente nenhuma regulamentação que salvaguarde os interesses do serviço publico de mídia. Se os membros da “EBU” estão prosperando na internet, eles devem manter o acesso direto ao público, como o fazem em plataformas de radiodifusão, e isso implica num controle suficiente sobre o canal de distribuição. Regulamentação adicional pode ser necessária, em particular em torno da transparência, neutralidade da rede, e a proeminência do serviço publico de mídia. A distribuição pela Internet é atualmente responsável por menos de 2% do tempo total gasto com a visualização de conteúdo de serviço publico de mídia, enquanto mais de 98% é entregue através de redes de radiodifusão. Isso pode mudar no futuro, mas por agora, é seguro concluir que os dois modelos de distribuição são complementares e, sim nós ainda precisamos de redes de radiodifusão.

por Paulo Silveira

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